Foto: Chico Barros
Pode ser viagem minha, mas tratando as fotos das caixas de correio para impressão fine arts, com o parceiro de imagens Chico Barros, me pareceu finalmente que todo o processo da comunicação íntima e social através da imagem que a exposição propõe com a cidade e consigo mesmo (sua gente) já estava lá, desde sempre, nas próprias imagens. Fazia tempo que não retornava a elas de maneira exclusiva, devido à trabalheira de tantas ações para a exposição, deixando as fotos em si, apesar de sempre presentes, um pouco em pano de fundo. Quando vi as texturas de várias camadas de tempo e matéria começarem a saltar das caixas, foi como se tudo estivesse finalmente se encaixando: as cartas recebidas, a Santa Caixa móvel, os cartazes em lambe-lambe espalhados pelo centro... Quanta história em cada objeto daqueles. Em cada carta, cada rabisco, colagem, grafite, nomes de pessoas que já não mais estão... Imagens sobrepostas que se redefinem como coisa. Percebi que estava fechando ali um ciclo, que começara lá em Marselha, numa rápida passagem sem pretensão. Finalmente, tais texturas vão ganhando significado, para mim, aqui em Recife. Talvez possa ensaiar decifrá-las, acho, como quem aprende lentamente um velho idioma.
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